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quinta-feira, 26 de julho de 2012

O ESPÍRITO DA COISA - Por Vicente Almeida

O QUE SGINIFICA COISA?

Hoje amanheci com vontade de mostrar as "coisas" que já aprendi. Por isto vamos falar de uma “COISA” diferente e instigante: A palavra "COISA."

Antecipo que não se trata de uma aula de Português, História ou Geografia, embora pareça.

Se você for observador, já percebeu que o termo "COISA" está entrelaçado em nossa linguagem sendo infinitas as situações em que é utilizada. A orígem desta palavra remonta ao início dos tempos.

Em nossa gramática, a palavra "coisa" funciona como o Bombril do idioma português tem mil e uma utilidades. É aquela palavra-chave, a qual a gente recorre sempre que nos faltam outras expressões para exprimir uma ideia. hora é substantivo, hora advérbio ou adjetivo. Numa hora é masculino, em outra é feminino.

Às vezes funciona até como verbo, segundo o Dicionário Houaiss que registra a forma "coisificar". Mas o “Aurélio” registra “coisas” como sinônimo de órgãos genitais. “Coisa” às vezes é um termo depreciativo levando o ser a insignificância absoluta na boca dos exagerados, "coisa" nenhuma" vira "coisíssima alguma."

No Nordeste brasileiro podemos identificar em uma única frase, várias situações gramaticais de "coisa": "Ô seu "coisinha", você já "coisou" aquela "coisa" que eu mandei você "coisar?"

O Nordestino também identifica “coisas” como órgãos genitais. Assim descreve o Paraibano José Lins do Rego em seu romance “Riacho Doce” “E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, "as coisas", os seios...”

Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" é também identificação de cigarro de maconha. Em Olinda há o bloco carnavalesco mirim denominado: “Segura a "Coisinha.”

CURIOSIDADE: Em Minas Gerais, todas as "coisas" são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". Quer ver? A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem “a coisa!”

Em São Paulo temos Silvio Santos e o seu o Show de Calouros: “Coisa Nossa.”

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. "Coisa"-ruim é o capeta. Segundo os homens, "coisa" boa é uma bela, elegante e inteligente mulher como a... Fátima Bernardes.

No cinema e em quadrinhos temos “O Coisa” do Quarteto Fantástico, que é um ser esquisito e todo rachado, formado de pedaços de qualquer "coisa". Seu corpo é semelhante às margens de um rio ou açude ressecados, é ainda parecido com o solo do sertão esturricado no Nordeste Brasileiro.

A MPB é um mundo recheada de "coisas:"

A "coisa", No II Festival da Música Popular Brasileira, no Teatro Record, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: I - Disparada, - de Geraldo Vandré, interpretada por Jair Rodrigues -"Prepare seu coração / Pras "coisas" que eu vou contar"; II - A Banda, de Chico Buarque -"Pra ver a banda passar / Cantando "coisas" de amor".

Para a cantora Maria Bethânia, o diminutivo de "coisa" é uma questão de quantidade, afinal: "são tantas "coisinhas" miúdas."

para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade "Ô "coisinha" tão bonitinha do pai."

Em garota de Ipanema, "coisa" vira gente: "Olha que "coisa" mais linda, mais cheia de graça." "Mas se ela voltar, se ela volta / Que "coisa" linda / Que "coisa" louca." São "coisas" de Jobim e de Vinicius, que sabiam muito bem das "coisas."

Na literatura universal, a "coisa" é "coisa" antiga, e vem de longe, de além-fronteiras, do tempo dos hebreus, lá no começo da história.

Oswald de Andrade escreveu a crônica "O Coisa" em 1943.
O escritor norte-americano Stephen Edwin King escreveu o romance “A Coisa.”
A francesa Simone de Beauvoir, em seu terceiro livro de memórias escreveu "A Força das "Coisas."
Michel Foucault, filósofo francês escreveu "As Palavras e as "Coisas."

Falamos que o indivíduo é cheio de "coisas", quando é chato e cheio de não-me-toques. Mas dizem tambem: Gente fina é outra "coisa."

Se falam do pobre, a chacota sempre aparece e a "coisa" está sempre preta ou feia: O pão cai, e cai com a manteiga para baixo... E na terra.

Para uns o indivíduo pode ser: "Coisa" à toa ou qualquer "coisa". Por isto em represália feroz a esse estado de "coisas", Carlos Drummond de Andrade fez uma severa crítica no poema "Eu, Etiqueta", finalizando com: Meu novo nome é "coisa". Eu sou a "coisa", "coisamente."

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as "coisas", para ser usadas, por que então nós amamos tanto as "coisas" e usamos tanto as pessoas?

Bote uma "coisa" na sua cabeça dizem; - As melhores "coisas" da vida, são "coisas" que o dinheiro não compra.

Esse papo já tá qualquer "coisa" pirado. Vou parar por aqui, se não, você não conseguirá raciocinar o sentido das "coisas" que falei.

Vamos, pois, colocar cada "coisa" no seu devido lugar. Uma "coisa" de cada vez é claro.

A bem da verdade, e não me xingue por isto, foi Deus quem no princípio implantou esse termo: "COISA", ao estabelecer no primeiro e grande Mandamento: "Amarás ao Senhor teu Deus sobre todas as "COISAS."

Escrito por Vicente Almeida
26/07/2012

4 comentários:

  1. Esse texto é realmente muito interessante, nós nordestinos temos uma tendência para usar essa palavra quando nos falta outra. Gostei.

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  2. Tem gente que usa a expressão " pas grand chose" para neutralizar algo ou alguém. Coisa de francês mesmo.

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  3. Coisa significa tanta coisa boa! coisa que coisa nenhuma explica, essa coisa pode explicar,rsrs. Muito boa essa coisa...

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  4. Eh...

    Fátima Bitu:

    Coisa é tão importante que está inserido nos dez mandamentos "Amarás ao Senhor teu Deus sobre todas as "COISAS".

    Fátima Cordeiro:

    Coisa significa TUDO. Qualquer coisa é uma coisa.

    "Que coisa é essa que chamam de amor
    eu nunca provei
    dizem que é bom
    mais eu não sei
    Já me contaram que trás alegria
    E dores também
    Mesmo assim
    Quero amar alguém"

    Letra e música de Anísio Silva.

    VIU? Tudo é coisa!

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