OBRIGADO PELA VISITA

O LABORATÓRIO SIDERAL leva até você, somente POSTAGENS de cunho cultural e educativo, que trata do universo; das gentes; das lendas; das religiões e seus mitos, e de forma especial, dos grandes mistérios que envolvem nosso passado. Contém também muitos textos para sua meditação. Tarefa difícil, mas atraente. Neste Blog não há bloqueio para comentários sobre qualquer postagem.

A FOTO ACIMA É A VISÃO QUE TEMOS DO NOSSO INCANSÁVEL PICA PAU, ABUNDANTE AQUI NA MATA DA NOSSA "VILA ENCANTADA".

sábado, 18 de maio de 2013

O MILAGRE DA GRATIDÃO - Por Vicente Almeida

NOS idos do século passado, certa manhã, uma mulher bem-vestida parou na rua em frente de um homem sem-teto, que olhou para cima lentamente e reparou que a mulher parecia acostumada com as coisas boas da vida.

O casaco era novo. Parecia que ela nunca tinha perdido uma refeição em sua vida. Seu primeiro pensamento foi: "Só quer tirar sarro de mim, como tantos outros já fizeram..."

...E resmungou: - Por favor, Deixe-me sozinho! 

Para sua surpresa, a mulher continuou de pé. Ela estava sorrindo, seus dentes brancos exibidos em linhas deslumbrantes.

- Você está com fome? Perguntou ela.

- Não Imagina! Respondeu ele sarcasticamente. Agora vá embora! 

O sorriso da mulher se tornou ainda mais amplo e insistente.

De repente, o homem sentiu uma mão suave passando por debaixo do seu braço.

- O que está fazendo, senhora? Perguntou o homem irritado.

- Eu Disse para deixar-me sozinho!

Naquele momento um policial chegou, e perguntou:

- Existe algum problema Senhora?

- Não tem problema nenhum aqui, Sr. Policial. Respondeu ela. Só estou tentando ajudá-lo a ficar de pé. Pode me ajudar?

O policial coçou a cabeça observando a deslumbrante mulher e aquele maltrapilho.

- Sim, o velho João é mesmo um estorvo por aqui há anos, o que você quer com ele? Perguntou o policial!

- Vê o restaurante ali? Disse ela. Eu vou dar-lhe algo para comer e tirá-lo do frio por um longo período.

- A Senhora, está louca? O homem sem-teto resistiu. - Eu não quero ir para lá! Já estive lá durante muito tempo.

Então sentiu mãos fortes segurando-lhe os braços e levantando-o.

- Deixe-me ir, eu não fiz nada seu guarda!

- Não vê, que esta é uma boa oportunidade para você, homem de Deus? O policial sussurrou em seu ouvido.

Finalmente, e com alguma dificuldade, a mulher e o policial levaram João para o restaurante e o sentaram em uma mesa num canto afastado.

Eram quase quinze horas, a maioria das pessoas já tinha almoçado e para jantar o grupo ainda não havia chegado.

O gerente do restaurante vendo aquele maltrapilho sentado veio a eles e perguntou: - O que está acontecendo aqui Sr. Policial? — O que é isso?

— Este homem está em apuros, o policial respondeu:

- Esta senhora trouxe-o aqui para comer alguma coisa.

- Oh não, aqui no meu restaurante não! O gerente respondeu com raiva.

- Ter um maltrapilho como este aqui é ruim para meus negócios!

O velho João sorriu temeroso mostrando um sorriso tímido e amarelo.

- Senhora, eu lhe disse. Agora, você vai me deixar ir embora? Eu não queria vir aqui desde o início.

A mulher foi até o gerente do restaurante sorriu e falou:

- O senhor está familiarizado com a empresa Hernandez & amp Associates? a empresa que fica a duas quadras daqui?

- Claro que sim, respondeu o gerente já impaciente. É uma empresa de grandes negócios e eles fazem as suas reuniões semanais aqui e jantam no meu restaurante ou seja; daqui a pouco.

- E você ganha um monte de dinheiro fornecendo alimentos para essas reuniões semanais certo? Perguntou a Senhora.

- Sim, e o que isso importa para você? Perguntou o gerente com ar de impaciente.

- Eu, senhor gerente, sou Penélope Hernandez, Presidente e sócia majoritária daquela empresa. - disse ela ainda sorrindo.

- Oh meu Deus, me desculpe Senhora! — disse o gerente agora sem graça.

A mulher sorriu de novo.

- Eu pensei que isso poderia fazer a diferença no seu tratamento. Disse ela ao policial, que se esforçou para conter uma risada.

- Gostaria de nos fazer companhia numa refeição, Sr. policial?

- Não, obrigado senhora, muito obrigado, respondeu ele. Estou de plantão.

- Então, talvez, aceita uma xícara de café antes de ir? Disse ela.

- Oh sim, senhora. Isso seria ótimo! Respondeu o policial.

O gerente do restaurante virou nos calcanhares como se recebesse uma ordem.

- Já vou trazer o café para o policial, Senhora.

O policial observou-a de pé. E falou: - Certamente colocou-o no seu no lugar, disse ele.

- Esta não foi minha intenção, disse a Senhora. Acredite ou não, eu tenho uma boa razão para tudo isso que estou fazendo agora.

Ela se sentou à mesa em frente ao seu convidado para jantar olhou para ele e exclamou:

- Então João, você não se lembra de mim?

O velho João olhou para o rosto dela, com seus olhos tristes e disse: - Eu acho que sim, quero dizer, seu rosto me é familiar.

- Olha João, talvez eu seja um pouco maior, mas olha-me bem, disse a Senhora.

- Talvez eu esteja mais gordinha agora, mas quando você trabalhava aqui, neste restaurante e lá se vão mais de vinte anos, eu vim aqui uma vez, e por esta mesma porta entrei sentindo fome e frio. "Ao falar assim, algumas lágrimas insistiram em escorrer por suas lindas bochechas."

Senhora? - Disse o policial, é difícil acreditar no que estou ouvindo, como uma mulher como a senhora poderia ter passado fome e frio?

Então ela disse, Ouça a minha história:

- Tinha acabado de me formar na faculdade em minha cidade natal, e apostando na minha capacidade vim para a cidade grande à procura de um emprego, mas não consegui encontrar nada.

Com a voz quebrantada a mulher continuou:

- Passado certo tempo e tendo gasto meus últimos centavos entreguei meu apartamento e fiquei perambulando pelas ruas, sem ter o que comer e onde morar, era janeiro, fazia muito frio e estava quase morrendo de fome, quando vi este lugar e entrei, pensando numa pequena chance para conseguir algo para comer.

Com lágrimas nos olhos, a mulher continuou falando: "O João trabalhava aqui e me recebeu com um grande sorriso."

- Agora eu me lembro, disse João. Eu estava atrás do balcão de serviço. Ela se aproximou e perguntou se poderia trabalhar para comer alguma coisa... Mas isto já faz tanto tempo!

- Você me disse que isso era contra a política da empresa. - A mulher continuou:

Então João, você me fez o maior e mais gostoso sanduíche de rosbife que já vi na vida... Deu-me também uma xícara de café, e eu fui para um canto para me deliciar com a minha refeição. E do canto onde me sentei, que é o mesmo onde estamos agora, eu fiquei com medo que você se metesse em encrencas.

Então João, eu olhei e vi você colocar o valor referente ao meu lanche no caixa. Ai agradeci a Deus por você existir e fiquei aliviada por que tudo ficaria bem. Comi e fui embora. O tempo passou, voltei muitas outras vezes aqui a sua procura, mas ninguém sabia informar ser paradeiro, até o que o reconheci ali na rua.

- E aí você começou seu próprio negócio? Perguntou o velho João, agora animado e refeito.

- Sim encontrei um trabalho naquela mesma tarde. Eu trabalhei muito, e progredi com a ajuda do meu Deus Pai. Tempos depois, comecei meu próprio negócio que prosperou bastante com a ajuda de Deus.

em seguida ela abriu sua bolsa e tirou um cartão dizendo:

- Quando terminar aqui, quero que você faça uma visita ao Sr. Martinez. Ele é o diretor de pessoal da minha empresa e vai encontrar algo para você fazer por lá.

Ela sorriu. - Eu poderia até adiantar-lhe algo, o suficiente para você comprar algumas roupas e arrumar um lugar para viver até se recuperar. Se precisar de alguma coisa, minha porta estará sempre aberta para você João e fique certo, nunca mais será um sem teto.

Havia lágrimas de intensa gratidão nos olhos do idoso. - Como eu posso agradecer-lhe,  perguntou!

Não me agradeça - Ela respondeu. Glorifique a Deus que me levou até você quando a solidão e a necessidade me bateram a porta. Eu também o glorificarei, pois, Ele agora me trouxe você coroando a minha busca de tantos anos.

Fora do restaurante, o policial e a mulher pararam e antes de ir embora ela disse:

- Muito Obrigada por toda sua ajuda! Em vez disso, o oficial disse: - Obrigado digo eu, que hoje vi um milagre, "O Milagre da Gratidão" algo que eu nunca vou esquecer... E Obrigado pelo café.

Ela finalizou, que Deus te abençoe sempre e não esqueça que quando jogamos pão sobre as águas para alimentar simples peixinhos, nem percebemos que um dia nos será devolvido em abundância.
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É isso aí. Nunca devemos esquecer que:

I - Deus é tão grande que cobre o mundo com o seu amor e tão pequeno que é capaz de entrar e habitar em cada coração.

II - Quando Deus te levar à beira do precipício, confia N'ele completamente e deixe-se levar. Apenas uma  coisa vai acontecer, ou Ele ampara você ao cair, ou vai te ensinar a VOAR!

III - Deus nunca atrasa nem chega cedo demais, tem acompanhado tuas lutas, e uma GRANDE bênção poderá estar chegando à tua vida.
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Ainda jovem ouvi história parecida. Os detalhes que me vieram a lembrança me permitiram desdobrá-la neste texto. Por tanto, embora desconhecendo o autor do tema, os créditos vão para ele, procurei apenas temperar a trama para realçar o significado da palavra "GRATIDÃO."
Vicente Almeida
18/05/2013

sábado, 4 de maio de 2013

A FORÇA DO AMOR - Por Vicente Almeida

O homem foi embarcado no trem que em seguida partiu. Horas depois atravessou a fronteira que limitava aquele país com o seu.

em solo pátrio, após percorrer algumas centenas de quilômetros, seu vagão foi completamente ocupado por algumas dezenas de universitários, que se destinavam aos seus lares, afim de passar férias com seus familiares.

Aquele homem aparentando uns sessenta anos de idade, pele queimada, olhar triste e perdido, cabeça baixa, sem articular uma só palavra com os presentes, não percebia o barulho infernal que faziam os estudantes,  nem si quer notava a presença deles.

Durante algumas horas ele se manteve introspectivo, como se olhasse apenas para dentro de si.

Estava tão absorto em seus pensamentos que nem ouvia o burburinho naquele vagão, apesar dos cantos e batuques entoados pelos estudantes.

Uma jovem de uns vinte e três anos, que sentava ao seu lado percebeu sua tristeza e tentou confortá-lo. 

Voltando-se para ele procurou dialogar. De princípio mal olhou para ela e voltou a adentrar-se. Isto despertou mais ainda o interesse dela, que passou a insistir para que ele também se alegrasse um pouco já que a viagem seria longa.

Dizia ela:

- Por que o senhor não se abre comigo? ainda temos oito horas de viagem e seria bom que trocássemos alguma ideia. O senhor com essa idade, certamente tem algo a me ensinar e se estiver com algum problema, quem sabe não possa eu ajudá-lo! Sou universitária e conheço muita gente.

Aquele homem que parecia um sessentão olhou firmemente nos olhos dela e ela percebeu quanto havia de tristeza naquele olhar e se interessou mais ainda pela sua possível história.

E ele acreditou na sua sinceridade dizendo: - É acho que a Senhora não vai mangar de mim...!

Fez uma longa pausa e finalmente disse...

... Tenho quarenta e dois anos, embora pareça muito mais velho!

Respirou fundo como a criar coragem e começou sua história;

- Fui prisioneiro de guerra no país vizinho durante vinte longos anos, você não poderia imaginar o que é isto. Fiquei incomunicável com meu povo e meu país, me senti abandonado, e esquecido,  nunca me permitiram escrever para lhes dizer onde estava, para falar das minhas saudades e amarguras e até mesmo demonstrar que não estava morto.

- Esta semana fui libertado e me permitiram que da prisão escrevesse uma carta para meus familiares e me prometeram postar no correio dizendo que chegaria antes de mim.

- Fiz aquela carta dias antes de me embarcarem neste trem e lhes entreguei, na esperança de cumprirem sua promessa. Não tenho bagagem, apenas a roupa do corpo e uma passagem até o final da linha.

- Zombaram de mim quando lhes falei que tinha um lar e família composta de mulher e dois filhos de menos de cinco anos.

- Pois bem; Estou voltando para casa...

... E a carta que escrevi era mais ou menos assim:

"Mulher, não morri, mas fui mantido prisioneiro por vinte anos. Esta semana fui libertado e estou voltando para casa, mas antes de me embarcarem autorizaram a lhe escrever esta carta. Possivelmente você terá contraído novo matrimônio, virou avó, mudou de endereço e poderá até ter me esquecido, pelo que não a culpo!

Mas na entrada da nossa cidade há uma longa curva e nela um frondoso Ipê. Caso ele ainda esteja lá e você não tenha me esquecido, peço-lhe que pendure um lenço branco no galho que aponta para a via férrea. Procurarei me sentar ao lado da janela para ver.

Se o lenço não estiver lá, não se preocupe passarei direto pela estação, não a incomodarei e nunca mais a cidade me verá".

Ao concluir sua história ergueu o olhar e percebeu que sua interlocutora estava soluçando e com lágrimas escorrendo pela face.

Ela então se levantou e baixinho foi conversar com seus colegas narrando o fato. Esses por sua vez, sensibilizados foram deixando seus assentos e percorrendo todo o trem composto de seis vagões conduzindo cerca de duzentos e cinquenta passageiros. Em cada vagão  passaram essa história para todos, depois retornaram aos seus lugares e emudeceram.

Dai para a frente, o tempo se tornou uma eternidade. Foi horrível, a angústia e a solidariedade haviam sido compartilhadas e  o silencio reinou absoluto durante horas, todos ansiosos aguardando a grande curva.

A longa jornada já durava dezoito horas, e eram quase dezessete horas quando o trem se aproximou da cidade onde ele havia morado e todos os passageiros lotaram as janelas do lado que se avistaria o Ipê.

Ninguém piscava, todos torciam para aquele homem. Queriam ver um lenço branco, mesmo que fosse bem pequenininho, pois ele significaria: "SIM! ESTAMOS A TUA ESPERA"

O trem apitou indicando a proximidade da curva que foi avistada a cerca de um quilômetro de distância...

... E o velho Ipê estava lá. De longe perceberam que toda sua copa estava branca, então julgaram ser a sua florada e se interrogavam, como poderemos ver um lenço branco perdido no meio de tantas flores?

SURPRESA! O maquinista também sabendo da história do seu passageiro, quanto mais se aproximava do Ipê, mas reduzia a velocidade do trem até quase parar, de forma que muitos saíram pelas portas laterais para ver a árvore que decidiria seu futuro.

... E viram, não um lenço branco, mas, dez..., cinquenta..., cem..., mil..., milhares, impossível contá-los. A copa do velho Ipê estava inteirinha branca quase escondendo toda a folhagem.

Impossível é descrever a emoção reinante naqueles passageiros, lágrimas e gritos de euforia explodiram de tal forma que poderíamos traduzir em um "OBRIGADO SENHOR".

Ao chegar na estação, sua mulher, seus filhos, netos e a cidade inteira estavam lá para recepcioná-lo.

Ele que não tinha bagagem desembarcou do trem e humildemente foi abraçar aquela gente com a sensação de haver renascido. Aquela viagem jamais será olvidada.

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Chegamos ao fim do nosso despretensioso conto. Este é o último parágrafo, não há mais tempo para descrever as festividades alusivas a recepção daquele passageiro ferroviário em sua terra natal, e como ficou sua vida, um, dois ou cinco anos depois, nem como alguns passageiros que constituíram a parte emocional da trama compreenderam a imensurável força do verdadeiro amor. Gostaria de falar sobre as copiosas lágrimas do velho maquinista, e a velha estação onde desceu o passageiro, nunca mais foram os mesmos. Agora é a vez do leitor. Visualize mentalmente as cenas e tire suas conclusões finais.
Escrito por Vicente Almeida
04/05/2013


Isto é ficção e qualquer semelhança com fatos ou pessoas terá sido mera coincidência.