OBRIGADO PELA VISITA

O LABORATÓRIO SIDERAL leva até você, somente POSTAGENS de cunho cultural e educativo, que trata do universo; das gentes; das lendas; das religiões e seus mitos, e de forma especial, dos grandes mistérios que envolvem nosso passado. Contém também muitos textos para sua meditação. Tarefa difícil, mas atraente. Neste Blog não há bloqueio para comentários sobre qualquer postagem.

A FOTO ACIMA É A VISÃO QUE TEMOS DO NOSSO INCANSÁVEL PICA PAU, ABUNDANTE AQUI NA MATA DA NOSSA "VILA ENCANTADA".

sexta-feira, 21 de junho de 2024

A FÉ DE UMA CRIANÇA - Por Vicente Almeida


mais de cento e quarenta anos, Várzea Alegre era apenas uma pequena vila de uns duzentos habitantes, perdida na imensidão de terras devolutas no sul do Ceará, onde só se chegava em lombo de animal ou a pé, e naqueles longínquos tempos havia grandes secas, de forma que os seus habitantes de tempos em tempos sofriam grandes privações.

Em um daqueles períodos de seca, já havia uns quatro ou cinco anos sem chover, não sei ao certo.

Um passarinho me contou a seguinte história.

Várzea Alegre possuía uma pequena capelinha, onde todos os domingos o padre Morais, sacerdote ali residente e único em uma extensa região fazia sua celebração dominical. A freqüência à pequena capela aos domingos era como em um dia de festa, a maioria dos habitantes se fazia presente.

O fervoroso sacerdote, vendo o sofrimento daquele povo e sem saber mais o que fazer, em virtude da grande seca, convidou a comunidade para em procissão, ir fazer uma prece lá no Vale do Machado, que era o lugar mais verde e fértil daquele vilarejo, mas agora estava esturricado.

Na sua homilia, o padre argumentava, que lá no Vale do Machado era um ótimo lugar para pedir a Deus, chuvas em abundância, e Deus vendo o Vale ressecado teria dó do sofrimento do povo, e mandaria a chuva.

Todo mundo cheio de fé, e acreditando na idéia do padre aceitou fazer a romaria, e foi nomeada uma comissão para organizar o evento.

A chefia da comissão foi entregue a Mundim do Vale, que convidou Sávio Pinheiro, Israel, Claudio Sousa, Magnólia, Didi Morais, D. Tonha, Giovani Costa, Francisco Gonçalves e Rolim para o auxiliarem na organização da grande romaria.

Era uma comissão muito grande por que todo mundo ansiava pela chuva, e acreditava que o padre Morais tinha razão, era preciso fazer alguma coisa diferente para chamar a atenção de Deus.

E no dia programado, às seis horas da manhã, já estavam todos na capelinha de São Raimundo Nonato. O Padre Morais foi o primeiro a chegar. O sol estava tinindo já naquelas horas, era o período invernoso... E nada de chuva.

O fato é que todos observaram a chegada de um garoto de uns nove anos, chamado João Pedro, e riram dele, pois, vinha todo agasalhado, um grande chapéu e ainda sob a proteção de uma capa de chuva, improvisada por sua mãe Micaelli, por insistência dele. Ela no princípio estranhou o pedido do menino, mas o pai Menezes pediu que ela atendesse o filho.

O padre vendo aquela arrumação exclamou: Você está doido meu filho, você não vê que o sol já a esta hora, arde na pele da gente?

O João Pedro respondeu, mas padre estou muito gripado e se vamos pedir chuva a Deus, já imaginou quando estivermos voltando lá do Vale do Machado, todo encharcado? Vai ser aquele toró e preciso estar bem abrigado.

Mesmo assim é loucura, não vê que tá todo mundo mangando de você? Olhe pro sol menino!

João Pedro disse: Mas padre, e nós não vamos buscar chuva? Insistia o garoto.

E lá se foi a grande procissão, todo mundo cantando, era uma longa viagem de uns quatro quilômetros, mas todos suportaram.

Em lá chegando começaram a orar. Instantes depois, o céu foi se dobrando em véu, e nuvens começaram a correr pelo azul celeste, escondendo o astro-rei. Em alguns instantes escureceu.

Um pequeno e tímido trovão ressoou no Vale, e o primeiro pingo de chuva caiu na cabeça do Senhor José André, um senhor idoso e muito experiente e que por coincidência era o pai do padre Morais. Então ele arregalou os olhos e num misto de intensa alegria gritou: Ooolha a chuuuuva chegandooo aí geeente!

Ninguém tinha onde se esconder, pois o Vale do Machado, era um grande e descampado baixio, e a chuva começou a cair em intensidade, e escorrer por todo o Vale e por toda a Região.

O João Pedro, vendo a correria do povo para se abrigar, nem ligou, só fez rir e interrogou: Vocês vieram pedir chuva e não vieram preparados?

E os rios transbordaram, e nos dias seguintes os pássaros se alegraram sem parar, e os sapos entoaram seus cantos, e a natureza ficou em festa. E o brilho da alegria retornou aos lares, e o contentamento das pessoas externava um permanente agradecimento e louvor a Deus.

O inverno naquele dia começou, e a safra do ano e dos anos seguintes foi grandiosa, produziu tanto cereal que passou a ser conhecida como a terra do arroz.

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Você está pensando que foi a romaria que trouxe a chuva. Pois se enganou! Foi simplesmente a fé incontestável de uma criança de nove anos.

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História e personagens fictícios, qualquer semelhança com fatos e pessoas, terá sido mera coincidência. SERÁ???

Escrito por Vicente Almeida

em 06/10/2011

domingo, 16 de junho de 2024

 E OS AMENDOINS? -Por Vicente Almeida 

 

Como moramos em uma chácara, nossa querida Vila Encantada, a Valdênia que gosta muito de agricultura e sempre está as voltas com alguma plantação, certa vez resolveu experimentar o cultivo do amendoim.

 

E o Beto nosso zelador, oriundo das favelas lá de São Paulo, Veio morar conosco aos 18 anos, e não sabia o que era uma roça, nada entendia de agricultura, mas era muito disposto aceitando todas as tarefas que ela lhe indicava na casa e na roça.

 

Pois foi ele a vítima para plantar o amendoim!

 

Ela mandou que o Beto providenciasse para plantar meia tarefa de amendoim. Com a orientação dela, ele fez com muita satisfação. Plantou, irrigou, limpou... E o tempo passou! E ele sempre pela roça, olhando atento para ver o primeiro cacho de amendoim brotando.


beirando os noventa dias ela perguntou: 

 

- Beto e os amendoins já têm cacho? E ele respondeu: 

- Não, senhora, mas todos já têm fulor e num vi nenhuma bagem ainda! 

 

Mais trinta dias se passaram e ela perguntou novamente, Beto e os amendoins? e ele respondeu: 

 

- Olhe sá dona, as fulor caíram tudim e nada de amendoim, tem pé

que que eu tô é com pena pru que tá muchano, e ói que agôo direto. 

 

- Beto então já está tudo bom de colher, disse ela!

  

- Mas Dona Valdena, num tem um cacho e fiz tudo dereitinho como a sinhora mandô! Exclamou preocupado, ansioso e com medo quando ela visse os pés murchando.

 

- Então vamos lá que quero ver de perto – Isso é muito estranho!

 

E sairam, um na frente outro atrás.

 

Chegando na roça ela arrancou um pé de amendoim e viu que a raiz era uma beleza de cacho. Ele entre surpreso e admirado falou:

  

- Ah bom, eu tava esperano eles cachear que nem o arroz! 

- Eu não sabia que a gente comia era a raiz.


Escrito por Vicente Almeida

em 13/08/2012

sábado, 15 de junho de 2024

 

PROJETO DE POSSIBILIDADES - Por Vicente Almeida

 

Quando iniciamos a vida, cada um de nós recebe um bloco de mármore e as ferramentas necessárias para convertê-lo em escultura. Richard Bach.

Poderemos arrastá-lo intacto a vida inteira, poderemos reduzi-lo a cascalhos, ou poderemos dar-lhe uma forma gloriosa. Richard Bach.

O texto acima me conduziu a uma profunda meditação.

Quantas pessoas durante sua vida inteira passam sem se preocupar em ter um único projeto sobre o seu futuro, vivendo cada dia conforme a maré, não se habilitando, não se esforçando e não se programando para obter dias melhores?

Queixam-se da sua má sorte, estão sempre no maior miserê e em sua casa é uma fartura só – “Farta tudo”.

Em meio a essas dificuldades, ao invés de se preparar para obter o necessário através do trabalho recorrem aos Santos com promessas as mais indecorosas. Indecorosas sim, porque procuram um santo, não por devoção, mas por que alguém lhe disse que ele é milagreiro na área de suas necessidades.

Então faz uma negociata: Se o senhor santo me arranjar um emprego eu farei isto, se me curar farei aquilo, e por aí vai. Mas nada de se esforçar para obter resultados pelo trabalho, enquanto os pais que já deviam ter cortado o cordão umbilical continuam mantendo esse desequilíbrio.

Esquecem ou desconhecem que somente o trabalho enobrece e cura as doenças oriundas da preguiça, da malandragem e da dependência familiar.

Ao conseguir um emprego, está mais preocupado com o quanto irá receber do que com a atividade a desempenhar, e já começa a gastar por conta do que ainda vai receber. Não tem compromisso com horário de trabalho, acha que chegar atrasado não tem a menor importância.

Pois eu digo que para ter sucesso é preciso ter um "Projeto de Possibilidades", isto é: Ter um ideal, planejar algo que resulte em benefícios futuros, a curto médio ou longo prazo, sem forçar para que tudo aconteça segundo a sua vontade, em tempo menor do que seria possível.

Observo pessoas se queixando da má sorte, sem nada fazer para obter sucesso. Estão preocupados demais em viver cada momento na mordomia e diversão em criticar o status dos outros esquecendo a si mesmos.

Escrito por Vicente Almeida

Em 15/06/2024

terça-feira, 11 de junho de 2024

 O TANGEDOR DE PREÁ - Por Vicente Almeida


Já ouvi tanta mentira

De contador de história

Se não me falha a memória

Vôte, vai-te, sai pra lá

Pois tangedor de preá

Essa é a primeira vez

Mas digo aqui pra vocês

O Morais é verdadeiro

E a mão DELE no fogareiro

Boto sem pestanejar.


Tá certo, o Cláudio não confirmou.

Luiz Lisboa estranhou

Por certo ele não gostou

De tanta judiação

De Várzea Alegre ao sertão

Conduzindo uma manada

E ainda diz que a preazada

Chegou contente ao destino

Isso é invenção de menino

Êita mentira danada.


No início acreditei

Em sua história ladina

Esqueci que sua sina

É divertir eu bem sei

E antes que eu me cale

Vou chamar Mundim do Vale

Se confirma ou desconfirma

Se afirma ou não afirma

Antes que o povo se abale.


Escrito por Vicente Almeida

em 02/10/2010

Terça-Feira 11/06/2024

A BARREIRA DO ADEUS - Por Vicente Almeida



VIAJE NO TEMPO E CONHEÇA VÁRZEA ALEGRE  
                            
 Como escrever sobre Várzea Alegre é uma arte, cuja competência é daqueles que mais conhecem o cotidiano do município, no que se refere a sua gente, genealogia, atos, fatos e personagens folclóricas. Só mesmo um Varzealegrense para dissecar o passado glorioso de personagens que fizeram época. E para isto, o Antonio Alves de Morais encabeça direitinho uma plêiade de colaboradores cheios de amor e orgulho pelo seu torrão natal, pedaço de chão, abençoado por São Raimundo Nonato. Desses colaboradores, procedem as mais belas histórias, contos, causos, poemas e poesias sobre o lugar.

Fiquei matutando sobre o que deveria escrever, qual seria a minha linha de postagens, Armando Rafael escreve sobre política e temas do império, que se diga de passagem, é vidrado e exímio conhecedor da matéria. O Carlos Esmeraldo escreve também sobre política além de muitos contos sobre fatos históricos de sua vida, como exemplos de perseverança, amor e honradez juntamente com a Magali. e nesta parte suas narrativas são cheias de carinho. A gente sente isso. O Dihelson Mendonça, marca sua presença com temas jornalísticos, além de belas fotos e muitos causos do quotidiano, e ainda é o mantenedor da Rede Blog do Cariri. Temos a Claude Bloc, musa que nos delicia com a revelação de seus causos e dotes poéticos, além de fotográficos, que são de tirar o folego.

Aparentemente isolado, estou eu tentando postar matérias diferentes das já em pauta diariamente. Procuro escrever sobre temas de cunho filosófico-educativo. A intenção é fazê-las um pouco mais duradouras na memória dos leitores, esperando que elas produzam bem estar e integração no convívio social. 

A inspiração para escrever, não me vem na hora que quero. Ela chega sempre naturalmente e inesperadamente. As vezes quando estou a caminho para algum lugar. As vezes algo que vi ou uma conversa que ouvi, podem servir de tema para o meu pequeno conto. Então rapidamente faço uma anotação para lembrar o assunto que devo abordar ao escrever. Depois, em casa, começo a montar um texto e formatá-lo, até estar completamente pronto para publicação. Isto pode levar uma tarde ou vários dias.

A minha exigência maior, é comigo mesmo; Preciso escrever algo que valha a pena.

Gosto muuito de falar sobre Religiões, espiritismo, filosofia, astronomia, amor e fé, não para questionar, mas, para juntos nos ajudarmos a esclarecer pontos obscuros em nosso raciocínio. Meu tema favorito é o amor, e tudo que venha a escrever deve girar em torno disto, para que o leitor sinta-se honrado e não agredido. 

Verdadeiramente não gosto de escrever sobre temas políticos, pois sempre envolvem corrupção, agressão e mal estar. Isto todo mundo já faz e me dá uma canseira enorme, por que sei que toda a discussão oriunda de questionamentos políticos resulta em zero benefício, é improfícua e trás mal estar para o lado oposto.

Mas, como estamos no Blog do Sanharol, o qual foi criado para dissecar a história de Várzea Alegre, devo dizer que Atualmente temos três datas de altíssimo significado histórico, na sequência: Carnaval; Festa de São Raimundo Nonato; Encontro do povo Varzealegrense em São Bernardo do Campo no Estado de São Paulo.

Minha história começa aqui:

Várzea Alegre é a única cidade do mundo que possui uma localidade denominada " A BARREIRA DO ADEUS". Dali partia o seu povo em triste despedida, demandando para as terras do sul, pressionados pelo desemprego e pela fome no século passado. Ali se registravam as maiores emoções, pois, o mesmo lugar era também o ponto de recepção dos que retornavam.

Emocionado por este fato de transcendental importância, e de pouco conhecimento dos atuais habitantes do lugar, manifestei a vontade de realizar uma viagem no tempo e visitar aquele lugar, em um dia de partida. 

Pedi ajuda ao Inventor Maluco para nos levar em seu "Túnel do Tempo" até um desses momentos de despedida. Já viajei com ele em outros momentos, mas esta, é especial, iremos ao passado, a um lugar especifico, exatamente na cidade de Várzea Alegre.

Ele concordou em nos levar. E como a Klébia Fiúza havia solicitado um ingresso para a nossa próxima viagem, solicitei que passasse lá em Portugal e a trouxesse, pois ela já estava avisada. Aqui chegando, embarcamos os três e foi só dar a partida, instantes depois, estacionamos em meados do século XX. Devo esclarecer que uma viajem no Túnel do Tempo tem a mesma velocidade do pensamento. Pense lá, e lá você estará.

Assim num vapt vupt chegamos. Estamos posicionados exatamente na "Barreira do Adeus". É um ponto empoeirado a margem da estrada, quase deserta ainda, entre as residências de João do Sapo e Zé de Ana. Identificamos as casas por que o Morais havia falado sobre seus proprietários.

Observamos que muita gente se aglomera, parecendo um dia de domingo festivo. Mas, o que vemos, é pranto e emoção. Os retirantes estão vestidos conforme suas posses, mas com vestimentas limpinhas e em sua mão uma pequena maleta ou um matulão, contendo seus únicos pertences.

Não pudemos ver o conteúdo, mas, imaginamos: uma ou duas mudas de roupa, uma escova, uma rede com lençol e na cabeça uma ideia fixa: Ganhar dinheiro no sul e vir buscar a família.

Seus familiares que ficavam: Estampavam no rosto uma grande amargura, chamada saudade antecipada, algumas mulheres em adiantada gestação, e seu olhar demonstrando profundo sofrimento, o rosto inchado, e as lágrimas não cessavam de cair de quatro em quatro, e de quebra há ainda o filhinho em seus braços, de mãos estendidas reclamando o terno abraço do pai, como a gritar "Papai não nos abandone".

Estamos vendo também muitas mães, chorando abraçadas aos filhos ainda menores de idade que também irão partir. Elas parecem pretender transformar aquele momento, em uma eternidade, mas, infelizmente, o caminhão Pau de Arara, buzina ao longe e aponta na curva da estrada, e se aproxima.

HORA DO ADEUS. Agora estamos observando os retirantes procurando sua acomodação nos duros bancos daquele coletivo primitivo coberto pela poeira da estrada. A única coisa equilibrada entre os que ficam e os que vão é que todos estão de coração partido, com exceção dos casais que deixam a terra natal juntos.

O caminhão engata a marcha de partida e vai saindo de mansinho. O choro aumenta, e gritos desesperados das crianças retumbam, são dezenas de mãos de mães, esposas e filhos aflitos, acenando com o olhar fixo naquela maquina que para longe está levando parte de seus corações.

Agora o caminhão já se aproxima da curva para desaparecer em definitivo... Já não o vemos mais. Eles levariam algumas semanas para chegar ao destino.

A Klébia Fiúza, atenta a todos os detalhes e sendo, ela de Várzea Alegre do futuro, ficou emocionada demais e chorou. Tive que ampará-la e esclarecer que aquela cena, havia passado a mais de 50 anos. Mas, ela me chamou a atenção também para outro detalhe. Pedindo que eu observasse atentamente um casal de jovens enamorados que tinham uma incrível semelhança com ela, e me sussurrou: Vicente Almeida, esse casal ali, parece demais comigo, puuuxa vida.

Olhei com um olhar perscrutador e deduzi que provavelmente, seriam eles seus pais no futuro, pois, ela possuía as feições misturadas de um e de outro.

Após nossas observações retornamos e estamos aqui narrando os fatos. Maiores detalhes poderão ser fornecidos pela Klébia que conhecia muuito bem o lugar. Eu estava lá, mais como olheiro e pesquisador.

Em outras viagens no túnel do tempo, ficamos sabendo que essas partidas ocorreram muitas vezes naquele mesmo lugar, e com as mesmas características. Entretanto os últimos retirantes já viajavam com certo conforto em um transporte denominado sôpa. Era um caminhão, cuja carroceria foi substituída por uma grande boleia de aço toda fechada, com bancos acolchoados e muito confortáveis para a época. Foi o antecessor do ônibus.

Em São Paulo, uma cidade chamada São Bernardo do Campo, despontava para a indústria automotiva e cada grupo que chegava tinha emprego garantido. Hoje há mais de quinze mil varzealegrenses lá. Mas, isto será tema para outra história.

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Escrevi esta história,  dedicada a todos os varzealegrenses espalhados por este belo planeta, e com especial carinho a todos os colaboradores deste Blog, Varzealegrense ou não.

Nota do Escritor: O Inventor Maluco e a história nasceram no meu imaginário. considero-o um amigo que encontrei ao sair de férias e visitar um país distante onde falavam um idioma parecido com o nosso.

 visitei a cidade dos inventores. Havia um que me chamou a atenção por que ninguém o visitava. Me explicaram que o chamavam de Inventor Maluco, por que ele dizia poder viajar no tempo, por isto todos zombavam dele.

Fui então visitá-lo no Pavilhão destinado a sua oficina e comprovei que ele era um sábio perdido no meio de pessoas incultas. Fizemos grande amizade e ele me convidou para uma rápida viagem no tempo. Receoso concordei! Como poderia dizer não a um Inventor Maluco? Depois daquela viagem que escrevi com o título "Túnel do tempo", ele passou a me visitar com frequência aqui na Vila Encantada e de vez em quando singramos o passado em sua nave do tempo. Nunca me disse seu nome verdadeiro, até parece que gosta de ser chamado de "Inventor Maluco."

Ao nos despedirmos ele me falou que em nossas futuras viagens no tempo, sempre poderei levar alguém. Você aí que está finalizando esta leitura, poderá ser o próximo. Fale comigo e o incluirei na próxima excursão no tempo. Só temos três lugares e só poderemos levar um convidado de cada vez.

Escrito por: Vicente Almeida
          Publicado nos Blog do Sanharol e Blog do Crato
          Em 04/04/2011


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OBS: Os comentários a seguir, foram extraídos desta postagem no Blog do Sanharol. Somente hoje, 13 anos depois, resolvi publicar neste blog.

12 comentários: 


Sávio Pinheiro disse... 

Vicente,

Estou emocionado, aqui na base da Barreira do Adeus, junto a pista em que pousou esses dois passageiros do tempo (Você e a Klébia), trazendo notícias de um passado forte e glorioso.

Parabéns pelo conto e um grande abraço. 

4 de abril de 2011 11:36 

 

Luiz Lisboa disse... 

É Vicente: dessa barreira vi muitos partir,um dia eu também parti de lá, e agora com os olhos cheio de lagrimas quase não consigo ler este texto.

Um abraço Vicente. 

4 de abril de 2011 12:02 

 

Artemísia disse... 

Vicente, eu parti em circunstâncias diferentes e para o Rio de Janeiro há trinta anos. Minhas memórias se encontram no Artemísia palavras palavras. 

Por isso, muito me emocionei com o seu conto.

Parabéns. 

4 de abril de 2011 13:04 

 

Klébia Fiuza disse... 

Vicente, estou em lágrimas.....

Uma viagem maravilhosa a um passado onde tenho minhas raízes, meu povo e minhas lembranças... Viajei nesse lindo texto e revivi cada momento, cada saudade e cada esperança no coração dos que partiram.... Sou esse coração.

Brigada pela carona, pela companhia.

Deus te abençoe companheiro e, sempre que tiver uma vaguinha, passa por aqui, será uma grande alegria, um grande prazer fazer outra viagem no "Túnel do Tempo".

Manda um beijão ao inventor maluco. 

4 de abril de 2011 13:17 

 

Blog do Sanharol disse... 

Vicente.

Só agora acessando o Blog e encontrando este seu belo conto. Você descreve uma realidade mais legitima do que era o fato. Ali naquele lugar identificado na postagem anterior, entre as casas de João do Sapo e Zé de Ana era o ponto de despedido e de chegada dessa gente querida, amiga e amada. Com o tempo passou a ser rotineira e natural, mas no inicio meu camarada era muito difícil: Não havia um que não chorasse. Parabéns pela bela postagem. 

4 de abril de 2011 13:50 

 Rolim disse... 

Vicente,

Você voltou trazendo muitas emoções! Você é genial. As suas postagens fazem bem a todos nós que as lemos. Sentimos segurança naquilo que você transmite para nós. Parabéns e abraços. 

4 de abril de 2011 13:52 

 

Pedrinho do Sanharol disse... 

Prezado Vicente.

Nas décadas de 50, 60, 70 do seculo passado, as famílias de Várzea-Alegre eram interligadas entre si, especialmente as do Sanharol. Todo sentimento de tristeza que acontecesse com uma respingava nas demais. A Barreira do Adeus era o ponto de partida e de chegada. Chagas Bezerra dizia que seus ônibus levavam os iludidos e trazia os desiludidos, eu digo que São Bernardo abrigava a todos. E assim todos encontraram trabalho, constituíram família digna, alguns voltaram outros permaneceram por lá até hoje, felizes e muito bem de vida com a paz de Deus.

Abraços a todos. 

4 de abril de 2011 14:44 

 klebia Fiuza disse... 

Vicente, acredito que o que vem ao papel sai da alma e os seus textos revelam que você é um ser humano com um coração muito generoso. Hoje, diante da preocupação exposta por você em escolher sua linha de postagens de forma a não abordar alguns assuntos desagradáveis, que ferem e causam mal estar ao lado oposto e resulta em zero benefício a leitura desses, aumentou muito o conceito de bom moço que fiz de sua pessoa.

É isso companheiro de viagem, continue a escrever algo que valha a pena, que encha os olhos e o coração do leitor.

Parabéns e deixe sempre que esta "exigência" faça parte da sua inspiração para compor belos contos.

Beijos do outro lado do Atlântico. 

4 de abril de 2011 15:28 

 Claude Bloc disse... 

Chegando a Sobral e encontrando aqui este conto emocionante no qual também fiz parte como passageira da alegria.

Vicente, você emocionou a todos, com sua sensibilidade e gentileza, com sua clareza e simplicidade. 

Tocou nas saudades, nos sentimentos mais comoventes: são selos da alma, marcas da vida.

Maravilhoso texto!

Abraço,


Claude - Flor da Serra Verde. 

4 de abril de 2011 21:51 

 Vicente Almeida disse... 

É...

Sávio:

Um lugar como este, não pode ser esquecido.

Luiz Lisboa:

Até o nome: "BARREIRA DO ADEUS" é poético, é romântico, por que de lá, muitos varzealegrenses partiram em sofrimento e retornaram em glória.

Artemísia:

O Sul abriga muitos nordestinos, mas, só poderemos exaltar o povo, do qual tomamos ciência de sua bravura, e o Varzealegrense é hoje uma fatia do meu coração, e muito me honra falar sobre essa gente.

Klébia:

Você foi uma excelente companheira de viagem, e o Inventor Maluco solicita que eu te agradeca por haveres lembrado dele. Ele disse que foi a primeira vez que uma mulher entrou em sua nave do tempo, e gostou muito da sua companhia. Falou que você é muito emotiva, e ficou preocupado quando viu suas lagrimas e ouviu seus soluços ao ver o passado se desenrolando diante dos seus olhos.

Escrever é uma arte que aprendemos no decorrer do tempo, e você tem toda razão, o que escrevemos é sempre ditado pelo coração. Por isto Jesus dizia "A boca fala daquilo que o coração está cheio".

Morais (Blog do Sanharol):

A "Barreira do Adeus", pode até parecer um lugar isolado e esquecido, mas, os acontecimentos que lá se passaram, mudaram o sentido da vida de muitas famílias, e vale a pena resgatá-la.

Rolim:

Vocês, ao comentarem esta postagem, estão acrescentando a ela, todo o amor que sentem pela sua cidade natal, e isto me deixa muito feliz.

Pedrinho do Sanharol:

Suas palavras enriquecem a postagem,e me traz novas informações que vou colocando na prateleira do saber, para outras oportunidades.

Claude - Flor da Serra Verde:

Passageira da alegria. Antes, éramos dois estranhos a Várzea Alegre. Agora estamos habitando um cantinho do coração deles. Que bom né?

Abraço a todos

Vicente Almeida 

5 de abril de 2011 08:00 


 klebia Fiuza disse..

Sabe Vicente, nessa viagem de sonho vi um dos meus maiores sonhos se realizar. Deus usou o Inventor Maluco para me fazer crer que devemos acreditar nos nossos sonhos, que sonhar é possível.... 

Ser a primeira mulher a pisar em solo lunar, foi UM DOS meus maiores sonhos e quando vi isso ir terra abaixo desabei em choro de muita frustação. E Deus, na Sua infinita misericórdia, como forma de acalanto, me fez ser a primeira mulher a entrar na nave do Inventor Maluco, no Túnel do Tempo. Senti-me realizada, iremos comemorar esse acontecimento em grande ....... 

Ah! E diz a ele que também adoro dá grandes gargalhadas, não só choro não viu! .....kkkkkkkkkkkkkkk

Um beijo em vocês e até a próxima viagem, espero que seja em breve. 

5 de abril de 2011 12:22 

Melhor Postagem - Abril de 2011. 

Exatamente as 17,10h encerramos a votação da indicação da melhor postagem de Abril de 2011.

O resultado foi:

1º lugar - A Barreira do Adeus - Vicente Rodrigues de Almeida - 25 votos.

2º lugar - Cordel Encantado - Dr. Savio Pinheiro - 15 votos.

3º lugar - Conheça o Crato em 300 fotos - Dihelson Mendonça - 14 votos.

4º lugar - Despedida do Roçado - Mundim do Vale - 10 votos.

5º lugar - Razão e Emoção - Paulo Viana - 06 votos.

Foram registrados dezenas de postagens com um e dois votos. Parabenizamos os colaboradores pelas quase 300 postagens deste mês. A Barreira do Adeus, a grande campeã, trata-se de um apanhado, de um levantamento e estudo das histórias dos varzealegrenses que deixaram nossa terra postadas no decorrer de sua existência.

Segunda-Feira faremos a reedição da postagem e colocaremos a foto do autor na galeria de homenageados com a medalha Major Joaquim Alves.

Parabéns ao Colaborador - Vicente Rodrigues de Almeida.

Postado por Blog do Sanharol às 17:14 

4 comentários: 

 Blog do Sanharol disse... 

Parabéns ao colaborador Vicente Rodrigues de Almeida.

A Barreira do Adeus, um estudo levantado nas postagens do Blog a respeito dos nossos conterrâneos que deixaram Várzea-Alegre a procura de meios e melhores condições de vida para si e para seus familiares. Uma postagem histórica. 

30 de abril de 2011 17:41 

 Francisco Gonçalves de Oliveira disse... 

Parabéns Vicente Almeida

Uma escolha merecida, pois suas postagens são sempre bem fundamentadas e com a preocupação de não ofender o leitor. Vicente nos ensina aqui no blog o uso das reticências e ser reticente é ser prudente.

Posso lhe garantir que sou um fã seu. 

30 de abril de 2011 18:17 

 Luiz Lisboa disse... 

Parabéns : Almeidinha, veja só a intimidade Vicente Almeida! padrinho do Cícero Lisboa. 

30 de abril de 2011 18:57 

 Magnólia Fiuza disse... 

É verdade eu sei toda a história do padrinho do Cicero Lisboa que teve até uma procuração hehehe.

Parabéns Vicente pela postagem que ganhou: 

"A Barreira do Adeus" 

30 de abril de 2011 19:39