AVISO:
Este conto conduz o leitor a tomar decisão,
Este conto conduz o leitor a tomar decisão,
e poderá provocar alguma ansiedade.
Dependendo do seu estado emocional, não leia agora.
Se não gosta de mistério, abandone a leitura.
Dependendo do seu estado emocional, não leia agora.
Se não gosta de mistério, abandone a leitura.
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Certa manhã na casa dos Lorêtos, a campainha tocou por alguns segundos, três vezes seguidas, depois emudeceu.
Ao ouvir o toque insistente, a Senhora Lorêto apressou-se em abrir a porta e percebeu um senhor aparentemente se afastando da sua casa. Olhou para os lados e estavam desertos olhou para baixo, e surpresa se deparou com um pequeno pacote no pé da sua porta.
Ela o recolheu e verificou que não havia remetente nem destinatário, levou para dentro entregando-o ao marido e lhe contou o acontecido. Ele achou muito estranho e ficou desconfiado do pacote agora em suas mãos.
Mas o fascínio da curiosidade fez com que eles abrissem o pacote, e encontrassem uma caixa em formato de cofrinho e sobre ele havia um botão na cor verde que aparentemente acionava alguma coisa, mas estava protegido por uma cúpula de vidro. A porta de acesso ao cofrinho estava trancada, e eles procuraram a chave. Verificaram novamente a embalagem do pacote, e lá encontraram um envelope com um cartão e uma pequena chave.
Dona Lorêto se apressou em abrir o pequeno cofre para ver o que acontecia, e como estavam em véspera de natal julgaram ser brincadeira de algum amigo. Mas seu esposo disse:
- Primeiro vamos ver o conteúdo deste cartão para podermos conhecer o autor da brincadeira.
Ao abrir o envelope retirou o cartão e leu em voz alta uma assustadora mensagem:
- "Este cofrinho contém um grande segredo. O botão verde protegido pelo vidro é um acionador e somente poderá ser tocado após abrir o cofre, e pelo lado de dentro liberar a trave".
- Ao pressionar este botão verde, duas coisas acontecerão simultaneamente: Vocês receberão um milhão de dólares, mas em algum lugar do planeta, alguém inexplicavelmente será assassinado em função da sua decisão.
- Retornarei em 24 horas. Terão esse tempo para decidir. Se desistirem, levarei o cofrinho de volta. Mas se o botão for pressionado receberão seu milhão de dólares livres de impostos.
Ao ouvir a leitura do cartão a mulher perdeu a pressa e abriu lentamente a portinha do pequeno cofre vendo lá dentro a trave que liberava a proteção de vidro. Apertou a trave e ela se abriu deixando a mostra o pequeno botão.
Olhou por instantes e depois de alguns minutos baixou o protetor de vidro e o travou, em seguida trancou o cofrinho e o guardou em um armário. Ambos verificaram que de fato, o botão era um acionador e poderia inclusive ser uma bomba. Quedaram-se meditativos, assustados e se perguntando:
- Por que alguém faria isso? Só pode ser brincadeira de mau gosto! E interrogações não faltavam. Durante as horas seguintes mil pensamentos cruzavam seus neurônios em milésimos de segundos. De qualquer forma teriam 24 horas para decidir, e da sua decisão resultaria grande benefício pessoal, tendo como contratempo o assassinato de alguém em algum lugar.
Contudo eles ficariam definitivamente ricos.
Mas poderiam recusar a oferta e devolver o cofrinho intacto, mesmo por que o dinheiro não era tudo e já possuíam o necessário.
Contudo, a partir daquele instante, o tempo se escoava lentamente, enquanto o nervosismo aumentava a ansiedade do casal.
Antes que se completasse às 24 horas, a ansiedade exerceu seu domínio e dezenas de vezes retiraram o cofrinho do armário e colocaram no centro de uma pequena mesa, de forma que cada um ficava de frente para o outro com ele aberto e a cúpula de vidro agora levantada.
E ficavam olhando aquele botãozinho convidativo.
Dizia um:
- Se acionarmos esse botão, e recebermos mesmo este milhão de dólares, poderemos fazer muita coisa boa, inclusive mudar toda a nossa vida e gozá-la sem preocupações com mais nada.
O outro rebatia:
- É verdade! Mas teremos matado alguém que talvez não conheçamos e que não poderá ser culpado pelo nosso ato. E eles fixavam o olhar naquele tentador dispositivo que ficava a distância de um braço.
Até que faltando apenas vinte minutos para se esgotar o tempo determinado, não resistindo mais a tentação...
...Um comentou:
- Isto não passa de uma brincadeira maluca e de mau gosto. Quem teria tanto dinheiro para um projeto tão sem sentido? Há somente nós dois aqui nesta sala... Quem iria saber que alguém tocou este botão?
Em seguida pegou o cofrinho, deu-lhe uma sacudidela de desagrado e entre a angústia da decisão e a segurança da família levantou-se e o guardou no armário voltando a sentar, ficando em meditação.
No momento exato em que se completava às 24 horas, ouviram a campainha. Eles se assustaram ao abrir a porta e se deparar com um homem alto, de terno azul e olhar sereno postado a sua frente.
A mulher reconheceu o veículo ali estacionado, e percebeu ser o mesmo que viu se afastando no dia anterior.
- Disse o visitante, vim recolher o pacote já que o acionador do cofrinho não foi utilizado. Assustados eles o convidaram para entrar e sentar. Quando já estava sentado, abriu uma maleta que conduzia a mão, lhes mostrando bem arrumadinhos, Um milhão de dólares dizendo, este seria o seu prêmio, "felizmente vocês o recusaram".
Surpresos perguntaram-lhe:
- Como o senhor sabe que não tocamos no acionador?
Ele lhes respondeu:
- Tenho olhos e ouvidos em todos os lugares, tudo e todos são permanentemente monitorados, e isto responde a sua pergunta sobre como sei que não tocaram no acionador. Para o Senhor do Universo, nada está oculto e seus mensageiros, embora não os vejam, estão em toda parte.
- Este dinheiro tão tentador, livre de todos os impostos, se a sua decisão tivesse sido outra, lhe seria entregue aqui e agora, mas, como contratempo receberiam pesado fardo de sofrimentos até seus últimos dias, com sérios reflexos do outro lado da vida, pois, cada centavo estaria manchado de sangue e o que parecia ser um gozo, resultaria em quimera, ilusão temporal.
- Venho das estrelas, e lá sabemos tudo que se passa com cada ser humano, seus atos, suas desditas e seus acertos passados e presentes.
- Observando sua conduta atual podemos prever como será o seu futuro. Entretanto essa previsão não é conclusiva, por que o futuro não está escrito, podendo acontecer conforme a previsão ou não. Tudo depende do procedimento de cada um no dia a dia. Haverá sempre dois caminhos, e a opção de escolher um ou outro é pessoal e intransferível. Inexoravelmente o autor receberá o retorno por força da sua opção.
- Mas com sua sábia decisão, que normalmente acontece com um casal em cada milhão, vocês não sucumbiram a tentação, e além de salvar a si, desviando-se de tenebroso futuro, também evitaram amarguras seculares para seus semelhantes.
A D E U S.
Escrito por Vicente Almeida
13/08/2012
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