TÚNEL DO TEMPO
UM dia desses fiz uma longa viagem a certo país europeu, onde conheci várias cidades, destacando-se uma que era considerada a cidade dos inventores. Ali se inventava de tudo, e vi muitos instrumentos, equipamentos e objetos pitorescos, impressionantes e às vezes até inúteis para o nosso tempo, mas, os inventores sempre demonstravam a sua utilidade e necessidade, hoje ou no futuro.
O que me impressionou foi mesmo um inventor isolado dos demais, que o chamavam de “Inventor Maluco”, pois ele dizia a todos que construíra maquinas do viajar no tempo, podendo ir ao passado e ao futuro e conhecia vários lugares do planeta. A população ria dele, mas ninguém desejara testar seus inventos.
Não davam crédito as suas histórias mirabolantes. Então como eu estava distante da minha terra, a passeio com muito tempo para contemporizar, resolvi visitar o Inventor Maluco e tirar minhas próprias conclusões.
Disseram até que ele falava muitas línguas esquisitas, inclusive o português, um tanto confuso, mas dava para entender. Fui lá e o abordei, e para inicio de conversa perguntei: O Senhor conhece o Brasil?
- Barasil – Caraato! – respondeu ele. E continuando disse:
- Sim já fui lá para conhecer Caraato!
- Ah, o Senhor fala da cidade do Crato, lá no Estado do Ceará, não é?
- Non senhor, eu falar da cidade Caraato. Aí todo orgulhoso foi à sua máquina virtual e me mostrou umas fotos dizendo: - Aqui cidade Caraato, Já tive lá!
Fiquei inacreditavelmente surpreso, pois uma das fotos era do recém-inaugurado monumento a Cristo Rei, na Praça Francisco Sá, em Crato-Ceará, onde há mais de 70 anos havia majestosos e bem cuidados jardins e no fundo a Estação Ferroviária - RVC. Outras duas eram da Praça da Sé e da Casa da Câmara. Contudo não havia ruas calçadas ou residências próximas, só a estação ferroviária. Estranhei!
Perguntei: Em que ano o senhor esteve lá?
Em 1.938, respondeu ele com ar engraçado! era um dia de festa.
O quêêê! O senhor nem parece ter sessenta anos, como esteve lá antes de nascer e tirou esta foto?
- Non, non, e non, disse ele, vi esta foto em um livro virtual na biblioteca local. Depois que me disseram haver no Barasil um monumento ao Cristo Rei. Copiei e coloquei na minha maquina de viajar, depois foi só ligar o meu rastreador sideral, então ele localizou e me levou até lá onde estava o monumento, exatamente como era na foto, e o ano era 1938.
Ah, entendo, e entre incrédulo e sarcástico falei:
- O senhor quer me dizer que viajou 74 anos para trás e pousou no Brasil, na cidade de Crato!
- Arrisquei - Olhe me desculpe mas não consigo acreditar em viagens no tempo. O Senhor pensa que esteve lá, mas somente sonhou com o monumento, arrisquei mais uma vez!
- O senhor quer me dizer que viajou 74 anos para trás e pousou no Brasil, na cidade de Crato!
- Arrisquei - Olhe me desculpe mas não consigo acreditar em viagens no tempo. O Senhor pensa que esteve lá, mas somente sonhou com o monumento, arrisquei mais uma vez!
Então ele riu e disse:
Tu non acreditar nin eu, como meus vizinhos aqui. Tu precisar ver com tuas vistas. Vem com eu, e vamos lá de novo é a única cidade no Barasil que tem um Cristo Rei de braços abertos.
Tu non acreditar nin eu, como meus vizinhos aqui. Tu precisar ver com tuas vistas. Vem com eu, e vamos lá de novo é a única cidade no Barasil que tem um Cristo Rei de braços abertos.
Ai criei alma nova para contestar e arrisquei: O senhor sabe que não é verdade. Lá no Brasil há outro monumento grandioso no Rio de Janeiro com o mesmo Cristo de braços abertos.
Então ele se zangou e disse:
- Aquele lá non ser Cristo Rei ser Cristo Redentor. Ser muito diferente viu! Cristo Rei ser pequeno, uns trinta metros de altura e Cristo Redentor ser muito grande, uns mil metros de altura, e parece até querer abraçar o mar. Já tive lá também! E aborrecido se calou.
- Aquele lá non ser Cristo Rei ser Cristo Redentor. Ser muito diferente viu! Cristo Rei ser pequeno, uns trinta metros de altura e Cristo Redentor ser muito grande, uns mil metros de altura, e parece até querer abraçar o mar. Já tive lá também! E aborrecido se calou.
Resolvi não questionar mais, pois sabia que ele estava realmente falando de Crato, minha cidade natal.
Para encerrar o assunto, comentei:
- Muito bem, o senhor conheceu a cidade de Crato naquele tempo, mas hoje é totalmente diferente e o senhor nem sabe das novidades por lá.
- Muito bem, o senhor conheceu a cidade de Crato naquele tempo, mas hoje é totalmente diferente e o senhor nem sabe das novidades por lá.
Sei sim, - respondeu ele:
- Agora estar fácil por que poder ver tudo sem sair daqui. Sabe, Lá tem comunicador virtual chamado “Laboratório Sideral”, e tem outro chamado Blog do Caraato, então aqui ficar sabendo de tudo que acontecer por lá.
- Agora estar fácil por que poder ver tudo sem sair daqui. Sabe, Lá tem comunicador virtual chamado “Laboratório Sideral”, e tem outro chamado Blog do Caraato, então aqui ficar sabendo de tudo que acontecer por lá.
Laboratório Sideral falar dos pensamentos do seu administrador que inventa histórias para ajudar nosso raciocínio. Tem uma que fala sobre um crime feito por um preguiçoso e outra que fala de um sujeito que vendeu um animal morto e ganhou muito dinheiro.
Blog do Caraato falar de tudo que acontecer em todo o país Barasil e tem muitas fotos.
- Ele riu muito e disse: - Você dizer ser do Barasil e não saber de nada.
- Essa doeu! Então resolvi abrir o jogo e expliquei para ele que havia nascido e residia exatamente na cidade de Crato-Ceará-Brasil.
Então ele falou:
- Você querer ver o Caraato daquele tempo, com seus próprios olhos como dizer por lá?
- Você querer ver o Caraato daquele tempo, com seus próprios olhos como dizer por lá?
Naquela hora tremi na base. Fui convidado a viajar com um maluco para o passado, mexi com os brios dele e ele queria provar que não estava mentindo. A tentação era grande. Não sei se vou, não sei se fico. Decidi: Vou!
Entramos em seu laboratório especial, onde havia duas pequenas máquinas cheias de leds, botões, had fones e monitores parecendo dois pequenos corredores. Dentro de uma havia dois assentos e nenhum pedal ou direção. Pareciam muito com uma cabine rudimentar de um Teco Teco. a diferença estava na tecnologia.
A outra maquina era semelhante à primeira, mas havia um painel com números a partir de 2012. Entendi que eram uma sequencia de anos. Então me dirigi para ela e o Inventor Maluco me puxou e disse: Essa ai non, ela levar para o futuro, mais ainda non funcionar. Nós ir viajar nesta, e apontou a que tinha os dois assentos.
Fiquei arrepiado e perplexo com a sua lógica. Quem vai discutir com um maluco não é?
Muito bem, tomamos lugar no seu Rastreador Sideral ou poderemos chamar Túnel do Tempo?
Feito o sincronismo da viagem, mal iniciamos e já chegamos ao século XX, exatamente no ano de 1.938, num piscar de olhos, não deu nem tempo de falar: Ôxente?
Praça Francisco Sá - Setembro de 1938
Vi o monumento, e de princípio, constatei serem verdadeiras as afirmativas que o Inventor Maluco havia feito sobre o monumento do Cristo Rei logo após sua inauguração.
Constatei que o movimento era intenso naquela hora, pois chegamos em um momento de partida do trem. Era cinco da manhã e na praça havia muita gente, lá se realizavam as despedidas dos que iam embarcar na Maria fumaça - nome atribuído a locomotiva movida a lenha. Os embarques e desembarques na Estação pareciam um dia de festa. Todo mundo ia lá pra ver.
Permanecemos alguns instantes por lá e fomos fazer um tour pela cidade, que naquele tempo era minúscula e o comércio funcionava apenas na rua central denominada Dr. João Pessoa.
Vi a rua Tristão Gonçalves antiga, ainda sem aquela grande vala ao centro e me surpreendi pois pensei que a vala sempre existira.
Passamos pelo Mercado Público construído ainda no tempo imperial; Lá se vendia de tudo principalmente a carne.
Visitamos a Praça da Sé que ainda parecia um terreiro, sem calçamento - Não havia ainda a praça, somente o pátio da Igreja da Sé, também denominado Quadro da Matriz.
Espiando o quadro da Matriz ficava a casa da câmara ou Passo Municipal, também construída nos tempos do império. Durante muito tempo foi ocupada pela Prefeitura, Câmara e Tribunal do Júri. No térreo funcionava a cadeia pública.
Toda a cidade era muito simples e minúscula ainda. Chegamos ao amanhecer e os habitantes estavam colocando cadeiras nas calçadas para conversar com os vizinhos e transeuntes.
A iluminação pública era muito precária e os postes eram de madeira.
Vendo o passado da minha cidade fiquei a imaginar como seria naquele tempo o restante do Brasil, que o Inventor Maluco, insistia em chamar de Barasil.
Mas havia um tempo estabelecido para o regresso e precisávamos voltar ou ficaríamos presos no passado. Perdi assim a chance de visitar mais localidades do Crato antigo decantadas nos anais da história da cidade.
Manifestei o desejo de copiar algumas informações ou tirar fotos para mostrar ao leitor, e assim contestar alguns livros de histórias que deturpavam os fatos reais.
Mas o Inventor Maluco, do alto da sua experiência esclareceu que era impossível, pois, estávamos invisíveis aos olhos materiais, e não podíamos trazer para o presente, fotos de fatos do passado, com câmeras fotográficas modernas. As fotos não seriam visíveis.
Além do mais se usasse o flash, o lampejo inesperado e de origem desconhecida poderia desencadear uma catástrofe temporal, criando um paradoxo, cujo resultado seria uma reação em cadeia, desembaraçando a estrutura de contínuo de tempo e espaço, gerando o caos no passado e desconstruindo o futuro.
- Gente! Pasmei! Não entendi nada do que ele falou, mas também não questionei. Percebi que não era tão maluco assim como todos supunham. Era apenas um excêntrico, com muitas ideias e informações a transmitir, mas o mundo ainda não estava preparado.
E regressamos!
Nossa viagem foi fantástica.
Passamos ainda uns oito dias por aquele país. Ao me despedir do Inventor Maluco agradeci pelo fantástico passeio. Ficamos amigos e prometi que nas próximas férias voltaria lá para mais uma viagem ao futuro.
Sabe o que ele falou?
Non precisa vir aqui...
E me deu um pequeno aparelho dizendo:
- Quando querer viajar no tempo pressione este botão vermelho e digite no teclado que surgirá. Então eu vir e nós fazer novas incursões no passado. E na próxima viagem você poder levar algum incrédulo amigo... ou amiga.
E me deu um pequeno aparelho dizendo:
- Quando querer viajar no tempo pressione este botão vermelho e digite no teclado que surgirá. Então eu vir e nós fazer novas incursões no passado. E na próxima viagem você poder levar algum incrédulo amigo... ou amiga.
E finalizando disse: Agora você acreditar não é?
Escrito por Vicente Almeida
26/08/2012
Eh...
ResponderExcluirAs fotos desta postagem são verdadeiras, e datam da década de 1930.
Possuo um acervo de 539 fotos do Crato antigo, algumas do final do século XIX quando a Igreja Matriz - Foto central da postagem - ainda possuía apenas uma torre.
A segunda torre, da esquerda foi construída por D. Quintino, primeiro Bispo da Diocese do Crato, em 1911.
Meu amigo:
ResponderExcluirAdmiro a sua coragem.
Achei interessante seu diálogo com o inventor maluco.
Você foi cutucar a onça, veja o que deu. "CULTURA"....
Eu também mexo com seus brios. Daí me surge a idéia de ver
a diferença do CRISTO REI X CRISTO REDENTOR!
Fiz uma descoberta. Encontrei dois grandes Monumentos Religioso em
diferentes Países. PORTUGAL X BRASIL.
Mais um capítulo para meu aprendizado. Os vídeos estão em meu BLOG.
Amei adquirir mais esse conhecimento.
A Polônia entrou até em disputa construindo uma estátua do Cristo com
33m, enquanto a do Brasil só tem 30! Que coisa!
Eh...
ResponderExcluirFIDERALINA:
O Inventor Maluco nada tem de maluco. É um grande e excêntrico amigo que nasceu da minha imaginação, por necessitar falar sobre o passado, de uma maneira mais atrativa.
Fiz várias postagens com ele em outro Blog. Já visitamos vários lugares, e se quiser poderemos te levar na próxima viagem.
Ele non conhecer in loco coisas Barasil, por isto complicou Cristo Rei e Cristo Redentor em função da posição e tamanhos.
Em relação ao comportamento polonês, o bairrismo criado de nada valeu, pois, não é bem o tamanho que chama a atenção acho que é sua localização na cidade maravilhosa.