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O LABORATÓRIO SIDERAL leva até você, somente POSTAGENS de cunho cultural e educativo, que trata do universo; das gentes; das lendas; das religiões e seus mitos, e de forma especial, dos grandes mistérios que envolvem nosso passado. Contém também muitos textos para sua meditação. Tarefa difícil, mas atraente. Neste Blog não há bloqueio para comentários sobre qualquer postagem.

A FOTO ACIMA É A VISÃO QUE TEMOS DO NOSSO INCANSÁVEL PICA PAU, ABUNDANTE AQUI NA MATA DA NOSSA "VILA ENCANTADA".

sábado, 9 de março de 2013

O VELHO CASARÃO - Por Vicente Almeida


O VELHO CASARÃO

É noite, todos dormem, ou pelo menos estão recolhidos em seus aposentos. Do lado de fora, tuca, nossa cadelinha pequenez de estimação está a uivar, hoje com mais frequência do que em outras noites, como a espantar os fantasmas noturnos.

E por falar em noite, certa noite estava em completa escuridão, convidativa mesmo para os seres noturnos. Mas não era sexta feira 13, por tanto, não era noite de lobisomens nem de vampiros, entretanto a coruja emitia pios assustadores.

E naquela noite, usando o imaginário visualizei lá na naquela cruz da encruzilhada, algo tênue começando a se movimentar a semelhança de um ser humano e estranhei, ainda não era nem meia noite. Corri a mente para o cemitério local e ali o movimento era como em um dia de feira, muitos seres transitando para um lado e para o outro. 

Dos mausoléus, das catacumbas e dos túmulos comuns, muitos espíritos cativos pelo desejo de vingança começavam a se movimentar usando vestimentas as mais estranhas e de várias épocas. Um pouco afastado, mas ainda dentro do cemitério, alguns desgraciosos esqueletos também se articulam em movimentos informes.

A escuridão já reinava absoluta para os seres viventes, mas para aqueles era como se ela não existisse e estava iniciada a mais macabra atividade do mundo invisível. Os primeiros gemidos foram emitidos pelo morador da campa nº 13, ele havia morrido ao ser abandonado na mata por seus familiares e devorado por um animal selvagem. Seu espírito ficou tão amargo e rancoroso que plasmou dores atrozes em suas carnes e ossos sendo mastigados e triturados como se ainda os tivesse. Passava o tempo gemendo e articulando uma represália.

Blém, blém, blém... agora sim, o grande relógio anuncia que é meia noite e todos os espíritos se libertam de suas moradas tumulares dispostos a mais uma vez saírem assustando os transeuntes descuidados e notívagos.

Mas alguns têm destino certo. Aquele vai a casa de um parente arrastar correntes no sótão e assustá-lo bastante, por que ele o deixou morrer a míngua,  negando-se a ajuda-lo no momento mais crítico de sua existência vindo a falecer por falta da assistência familiar;

Aquele outro corre a assustar sua mãe por ter sido abandonado em uma lata de lixo, onde morreu sufocado e com fome algumas horas após seu nascimento;

aquele outro prefere derrubar seu irmão da cama só por gozação.

E esse punhado de almas penadas correu para aquela encruzilhada, para tomar a pinga dos trabalhos encomendados e ali deixados. Além do mais, eles aproveitavam para assustar o máximo, aqueles que por ali transitavam.

Essas almas, vítimas de irmãos impiedosos, gananciosos e prepotentes, ainda não encontraram a paz, por isto saem em busca de: V I N G A N Ç A... VIN GAN ÇA. E seguem noite a dentro infernizando seus desafetos, que ao acordar dizem que tiveram sonhos horríveis e só lembram de fatos pela metade e confusos, ou acordam nervosos e irritados, sensação para a qual nem sempre acham explicação. 

A celeuma que não vemos está por demais acalorada, raríssimos seres humanos percebem a existência dessa atividade noturna, ela é um fato!

A madrugada sinaliza sua chegada com o cantar do galo, de repente o burburinho aumenta durante algum tempo. Todos tentam retornar o mais rápido possível para seus túmulos. Sabem que o dia é para os vivos.

Mas uma daquelas almas lá da encruzilhada, ao regressar, curiosamente não conseguiu localizar sua cruz. Parece que os outros, na correria removeram ela do lugar. Encontrou muitas cruzes parecidas, mas, ao se aproximar alguém dizia: Aqui não! Este lugar está ocupado. E a pobre alma já em desespero saiu em disparada, correndo... Voando... Não sei... Mas ela precisava de um abrigo urgente, antes do dia raiar.

Próximo ao cemitério avistou um velho casarão abandonado, em lá chegando se estabeleceu permanentemente. Assim encontrou um lugar para aplicar pequenos sustos nas pessoas, principalmente nos meninos gazeteiros, pois havia uma escola ali perto e os meninos matavam a aula para ir brincar no casarão abandonado.

Certa vez, quando os meninos já estavam dentro do casarão na maior folia ouviram uma voz adulta arrastada e fanhosa que dizia: TEM  GENTE! Eles se assustaram olharam ao redor e não viram ninguém. Saíram do velho casarão em disparada, portas e janelas ficaram estreitas para passar tanta gente de uma só vez.

Daquele dia em diante a professora estranhou a conduta dos meninos que nunca mais mataram a aula e ainda passaram a estudar bastante e tirar boas notas. 

Nenhum garoto contava o ocorrido no casarão para não denunciar sua fraqueza.
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"Este é mais um conto de ficção imaginado pelo autor. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas terá sido mera coincidência". Pode até não ser coincidência, quem sabe né?

Escrito por: Vicente Almeida
09/03/2012

2 comentários:

  1. Vicente:

    Muito interessante sua postagem. Histórias como essa, já escutei bastante. E, houve uma coincidência sobre O CASARÃO.
    Lá da Picada, onde morávamos, íamos para a cidade em busca do conhecimento na ESCOLA. Eram três quilômetros apenas. A pé, seguíamos, eu e meus irmãos: Antônio e Vicência. Completava o grupo mais umas primas. Em meio da estrada havia um CASARÃO e ninguém tinha coragem de entrar pois falavam que já tinham visto visagem por lá.
    Certa vez, muito afoita enfrentei a turma e entrei no Casarão. Confesso que tive medo. E, para amedrontar os que me aguardavam fora, demorei a retornar... Aí meu querido, foi carreira que nem FITPALD alacançava.kkkkkkkkkk
    Tudo não passou de uma brincadeira e o medo acabou.
    Achei seu texto interessante e me fez recordar de tantas outras histórias semelhantes.
    Boa Tarde!

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    1. É...

      Possuí uma fazenda no "Vale do Pilar" no Município de Assaré-CE, onde havia um centenário casarão abandonado e todos falavam que lá apareciam visagens dos seus antigos moradores.

      Passei por lá inúmeras vezes, nunca vi uma só alma penada, embora desejasse vê-las, mas via aquele madeirame toda da melhor qualidade completamente abandonado, ninguém queria habitar a casa.

      Assim mandei os moradores desmontar o teto e transportei aqui para o Crato-CE onde ainda hoje guardo linhas de 25 centímetros quadrados e caibros que hoje seriam usados com o linha.

      Quanto as telhas é surpreendente mas são tão grandes e fornidas que pesam quase três quilos cada uma. Não sei como os pedreiros daquele tempo trabalhavam com material tão pesado.

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